Empreendedores por um mundo melhor

Um grupo de empreendedores conta como usou as experiências em suas empresas para criar negócios cuja meta é resolver alguns dos grandes problemas sociais do planeta

O empreendedor Premal Shah era ainda uma criança quando presenciou uma cena que lhe marcaria para sempre: na Índia, ele caminhava ao lado da mãe trazendo na mão uma moeda de 1 rúpia indiana — o equivalente a cerca de 30 centavos de real. O dinheiro caiu no esgoto.

"Não pegue, ficou suja", disse-lhe a mãe. Logo em seguida, os dois viram uma senhora mergulhar a mão na vala, pegar a moeda, erguer os braços e agradecer a Deus, olhando para o céu. "Aquela cena mudou a minha vida", diz Shah. Anos mais tarde, Shah viria a criar o Kiva, um site de microcrédito que hoje arrecada mais de 1 milhão de dólares por semana — o dinheiro é convertido em empréstimos para empreendedores pobres de mais de 50 países.

A trajetória de Shah e de seu site é contada num dos artigos do livro The Real Problem Solvers: Social Entrepreneurs in America (algo como "Os empreendedores sociais que de fato resolvem o problema"), ainda sem tradução no Brasil. Editado por Ruth Shapiro, presidente da consultoria americana Keyi Strategies, e recém-lançado nos Estados Unidos pela Stanford University Press, o livro é um compilado de artigos e depoimentos de empreendedores sociais que foram bem-sucedidos ao usar ferramentas de gestão para “tornar o mundo um lugar melhor”, como vários deles dizem.

Todos os personagens têm algo importante em comum — eles acreditam que fazer o bem é parte de suas obrigações como empreendedores. Eles afirmam também que apenas boa vontade não é o bastante para uma iniciativa social dar certo. Assim como  todo empreendedor bem-sucedido, os empreendedores sociais procuram entender um mercado, pensar em meios de obtenção de receitas que garantam a existência do empreendimento no longo prazo e conseguir escala para diluir custos.

São desafios típicos de qualquer negócio e frequentemente demandam a presença de um time de profissionais competentes, muitas vezes egressos de carreiras da iniciativa privada.

O caso do Kiva, narrado no livro, é um bom exemplo nesse sentido. Em 2005, Shah solicitou uma licença de três meses de seu emprego como diretor de produtos da empresa americana de pagamentos PayPal. Seu pedido foi aceito. Shah, então, foi para a Índia se dedicar a um projeto pessoal — desenvolver e testar o conceito de microfinanças na internet. Acabou concebendo um modelo inovador de site com finalidade social e não voltou mais à PayPal.

 

 

 

 

 

 

 

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